sexta-feira, 16 de abril de 2021

carta aberta para minha melhor amiga de infância

Sim, essa carta tem um destinatário. Ou melhor, uma destinatária.
Eu poderia apenas fazer o que fazíamos quando criança, escrever uma carta a mão e deixar no porta-cartas do prédio, mas, talvez, isso esteja um pouco manjado para nós.

É um pouco estranho perceber que, por mais que não pareça na prática, nossa amizade mudou. Não mudou para pior, nem para melhor, apenas mudou.

Eu vejo suas fotos, suas publicações, lembro do passado, e entendo que já não sei mais tudo do seu dia a dia. Não sei exatamente o que você está fazendo, o que fará, seus planos para o futuro e o que te deixou feliz ou triste na última semana. Talvez, eu também não saiba mais todos os seus gostos, suas descobertas, seus jargões, nem suas orientações.

Mas, mesmo assim, ainda vendo essas mesmas coisas, eu sei que na nossa essência pouquíssimas mudanças aconteceram. Você ainda faz a mesma pose quando vai tirar uma selfie com alguém - junta os pezinhos, inclina o corpo um pouco para frente, levanta a câmera, junto um pouco o rosto e dá um sorrisão. Você também continua com a mesma risada - que começa com hihihi e termina com aiai. Ah! Não posso esquecer que você continua firme nas suas convicções, seja quais forem... Se está certa, vai com isso até o final, mesmo que termine com um pacote de Trakinas sendo jogado no chão da sala.

Eu sei quem você é! Passe dias, meses, anos. Mesmo que fiquemos uma década sem nos falar ou nos ver (imagino que isso nunca aconteceria, afinal, você está a um assovio de distância), eu conheço você. Parte da nossa personalidade foi desenvolvida junta. Eu tenho um pouco de você, e você tem um pouco de mim.

Hoje, eu desejo e espero que a Marina possa ter uma melhor amiga de infância, como eu tive. Alguém que estará lá para brincar, abraçar, rir, chorar e passar as férias fazendo book fotográfico caseiro. Para quem ela vai correr contar toda e qualquer novidade. Vai ter sonhos mirabolantes de construir um túnel entre janelas, ou vai desenvolver uma técnica muito avançada que envolve uma linha e um sino em cada ponta para momentos importantes que precisam ser compartilhados imediatamente. Uma pessoa que não tem tempo ruim, vai no banco, na farmácia, na casa da vó, toma chuva e milk shake com a mesma alegria.

Bo, sim será sempre a minha Bo, você é especial na minha vida! Sempre será!





Quando o Orkut voltar, eu te deixo um depoimento para cada ano de amizade (só espero que não demore muito).

Amo você!

Com saudade,

Maira.

terça-feira, 28 de julho de 2020

os pequenos gestos

Realmente, faz anos que não faço uma publicação. Muitas coisas mudaram na minha vida, mas a principal delas é que ganhei um novo cargo: o de Mãe.

Puxa! E isso tem me trazido tantas e tantas lembranças dos meus Pais, dos gestos de amor e cuidado que tiveram comigo em todas as fases da minha vida.

Essa minha atenção ao projeto de Deus chamado família não vem de hoje. Há alguns anos eu falo como minha cabeça tem mudado em relação a isso, o que antes era motivo de vergonha, agora eu cobro que exista. Eu não me importo em "passar vergonha", desde que o mundo saiba o quanto eu amo aquelas pessoas. Disse um pouco sobre isso nesse post aqui.

E agora, falando dos pequenos gestos, motivo principal desta publicação, eu posso ver quanto amor foi me dado em forma de cuidado.

Quando estou dando banho na Marina (ah! sim, esse é o nome da minha filha. rs), eu lembro como era divertido tomar banho com meu Pai, acho que eu me divertia mais do que tomava banho. Eu ficava ansiosa por essa hora do dia, e senti muito quando chegou o momento de não mais tomarmos banhos juntos. Assim, quando eu vejo minha filha de apenas quatro meses rindo para mim durante o banho dela, e se divertindo, eu imagino que sinto exatamente o que meu Pai sentia quando estávamos no chuveiro: gratidão, alegria e amor.

Esses dias também fiquei imaginando o futuro da minha pequena, como será sua vida e sua trajetória. E desejei estar ao lado dela, apoiando e incentivando, porque a Marina sempre será minha menininha. E isso me fez lembrar o cuidado que minha Mãe tem comigo. Em 2014, com 24 anos, eu fiz um curso no SENAI. Eu tinha exatamente 1h30 para sair do trabalho e chegar lá, e esse também era o tempo que levava todo o trajeto, se nada desse errado. Eu passava em casa para buscar o carro antes do curso, pois de transporte público eu levaria o dobro de tempo. Agora entra a doce lembrança: todos os dias minha Mãe me esperava com a chave do carro e um lanchinho cheio de amor: bisnaguinhas com manteiga enroladas num papel toalha e leite com chocolate numa garrafinha, e às vezes ainda tinha uma bolachinha para o intervalo, tudo numa sacola tipo zip. Só de lembrar, me vem o sabor desse carinho.

Olha! As lembranças são inúmeras, eu poderia passar dias e dias escrevendo sobre cada cuidado, mas eu gosto de lembrar, sorrir e pensar: que sorte a minha!

Meus Pais poderiam ter me dado uma casa enorme, viagens para o exterior e muito luxo... E teriam dado se tivessem condições... Mas, se não fossem esses pequenos gestos, que não custaram nem um centavo, talvez eu não me sentisse tão amada! Completa e agraciada! 

Acredito que a vida em família é isso: é separar um tempo nosso para cuidar de quem amamos. E a gente nem percebe a marca que deixa no outro com gestos tão simples de carinho.

Como dizem, ser presente é muito melhor do que dar presente! Eu sou infinitamente grata por ter aprendido isso da melhor forma: por meio do exemplo!

quarta-feira, 8 de março de 2017

mulheres: as damas de ferro

Hoje é o Dia Internacional da Mulher. Data para lembrar as mulheres que marcaram e mudaram o rumo da história, seja da sociedade ou a nossa. Para mim, também é tempo de olhar ao redor e agradecer por ser a mulher que sou e por todos que colaboraram para isso.

Ainda bebê aprendi que não existe cor de menino e cor de menina. Mamãe comprava a maioria das roupas em branco e tons claros de amarelo e verde. Em casa, sempre ficou claro que a mulher pode ser e fazer o que quiser. Papai me incentivou a mostrar meu valor desde criança - "não traga desaforos para casa". Quando me julgavam pela minha aparência ("gorda, baleia, saco de areia") ou pelo meu sexo ("claro que você não sabe/não tem força/vai errar, é menina"), meus Pais sempre estavam do meu lado para mostrar que essas pessoas não sabiam de nada - "imagina, filha, você é muito melhor do que eles... não liga para isso", diziam com todo o amor do mundo.

Cresci com minha Mãe sendo secretária do lar, nome bonito para dona de cada. E minhas avós também. Dizem que quem tem esse trabalho não faz nada, mas acho que esqueceram de avisá-las. Com essas mulheres, nenhuma semana foi de férias. Até mesmo quando "estou de folga hoje", coavam o café, do café da manhã da família. E mesmo que  trabalhando para a casa, com elas aprendi que as tarefas domésticas precisam ser dividas com todos. E, assim, meu Pai mostrou que cuidar de mim e me educar também é tarefa dele, assim como tirar o pó dos móveis ou lavar a louça. Sendo que não há demérito algum em um homem compartilhar as tarefas da casa.

Quando entrei na universidade, pouco - ou talvez nada - se falava sobre feminismo. As mulheres lutavam caladas. Ingressando no mercado de trabalho, o famoso preconceito por ser mulher começou a rondar. Bons resultados foram justificados com "certeza que ela dá em cima dos diretores". Chances de efetivação não aconteceram porque "não tem nem 30 anos". "Os clientes não entenderiam uma mulher no comando, você entende isso, né?". Porém, às vezes, tudo são rosas (e sem espinhos). Durante a vida profissional trabalhei com grandes exemplos de pessoas que lutam pela igualdade no mercado de trabalho. Destaco que dentre essas pessoas, duas são homens. Chefe de antes e de agora, homens que se esforçam ao máximo para que não haja qualquer opressão com as mulheres a sua volta. Eles se esforçam diariamente para serem melhores em casa e no trabalho. Querem apoiar as mulheres e suas lutas. Inclusive, acredito que cabe dizer aqui o presente que a equipe feminina da Race Comunicação ganhou hoje: ingressos para assistir Estrelas Além do Tempo no cinema durante o horário do expediente - isso foi incrível demais.

Enfim, há aproximadamente três anos, passei a dar mais visibilidade ao meu eu feminista. Provavelmente porque [1] passei a ler mais, [2] comecei a conversar e discutir mais, [3] casei. Ah! Sim. Este último me testa constantemente - "até que ponto é minha obrigação?". Mas, ainda bem, não casei com um completo otário. Meu marido divide as tarefas de casa comigo, não menospreza o meu crescimento, acredita em mim, não chateia se quero sair sozinha e, o mais importante, se esforça para ser um homem melhor todos os dias.

Claro! O mundo ideal, pensando em igualdade de gêneros, está longe de acontecer. Talvez, nem mesmo minhas netas poderão viver neste mundo. Mas, eu sei que nós, a maioria das mulheres, estamos fazendo a nossa parte. Não posso esperar que um homem seja feminista, porque ele não imagina como é ser mulher, mas posso ensiná-lo como é sentir a nossa dor para que de pouco em pouco suas atitudes possam mudar. Hoje, quando encontro homens que valorizam as mulheres, que defendem o feminismo, eu sinto muito orgulho. E quando vejo crianças entendendo esta doutrina, eu penso que estamos no caminho certo.

Seguiremos,resistindo, porque só assim existiremos!

sexta-feira, 6 de maio de 2016

a força da minha mãe

Provavelmente 90% dos meus amigos do Facebook já trocaram suas fotos de perfil por uma linda foto com a mãe, em homenagem ao Dia da Mães. Grande parte deles ainda colocou a moldura com I <3 Mom, campanha da ONG "Susan G. Komen".

Esta é uma instituição norte-americana sem fins lucrativos de apoio ao combate contra o câncer de mama, fundada por Nancy Brinker no ano de 1982 em memória a sua irmã Susan.

O que me motivou a também trocar a foto de perfil por uma com minha mãe e ainda colocando a moldura foi saber justamente disso.

Nem todos que convivem comigo sabem, mas minha mãe, sim aquela Silvia sorridente, já teve câncer de mama. Com pouco mais de 30 anos, fazendo o auto exame, ela descobriu que estava com câncer, precocemente.

Eu ainda era uma criança... Sabia, mas não entendia o que estava acontecendo. Só tinha certeza que não queria perder a minha mãe. Por Deus, ela conseguiu passar em um ótimo mastologista, em pouco tempo fez a cirurgia, logo a radioterapia, e em poucos meses estava "curada".

Desde então, o acompanhamento dela para possíveis tipos de câncer é anual, e o meu também. Uma vida de incertezas contra esta doença.

E a força dela em superar esta batalha, em ser incrivelmente uma mulher de coragem é o que me faz ter a certeza de que a minha mãe é a minha heroína, minha mulher maravilha.


Todos os passos da minha mãe guiaram os caminhos dela e também os meus. A experiência de vida dela tornou a minha vida mais leve. O exemplo dela me ensinou a não aceitar ser passada para traz, a lutar pelo que é certo. A não desistir de nada, nunca!

Obrigada, Mãe, por ser quem é! Por, depois de Deus, ser a pessoa a estar do meu lado em todos os momentos da minha vida, os ótimos e os péssimos. Por me acompanhar em tudo. Agradeço até por cada bronca, por cada "vai pro seu quarto e deita na cama", esses momentos foram difíceis, mas me ensinaram a não ser tão mimada, mesmo sendo filha única.

Eu amo você, Mami! Não posso nem quero imaginar um dia sem que não exista você na cidade vizinha, do outro lado da linha ou da tela.


Feliz Dia das Mães (algumas horas antecipadas)!

sábado, 26 de março de 2016

Tríduo Pascal: minha primeira vez

Como é possível perceber ano após ano eu tenho deixado de escrever neste blog. Não porque desisti de escrever, mas porque tenho mostrado minha opinião nas redes sociais (sim, um erro).

Mas, nesta última semana, a Semana Santa, tenho tido mais vontade de escrever e de falar, não de amenidades, mas sim de Deus. Não me converti ontem, não mudei de religião, nem nada catastrófico aconteceu comigo, eu apenas senti que o "cara lá de cima" quer que eu me aproxime mais e tenha fé, saiba que os planos para minha vida já estão escritos e eu só preciso acreditar.


Como, quando, onde isso aconteceu?

Bem, isso vem acontecendo desde que resolvi casar com o Fábio (amo você, amor) senti na pele o que as pessoas diziam: Deus ajuda os noivos. Ele se fez presente em tantos momentos, nos ajudou e deu força. Nos mostrou tantos testemunhos... Como não acreditar?

Casamos, fomos em nossa primeira Missa da Família na nova paróquia e, desde então, adiamos domingo a domingo a próxima visita à igreja. Mas, em algum momento nesta vida, eu tinha que tomar vergonha na cara. E dia 20 de março, acordei cedo e fui à missa das 9:30.
Para minha surpresa (a perdida no catolicismo), era Domingo de Ramos e eu não tinha nenhum ramo, nem plantinha, nem nada. Quero acreditar que ninguém se importou com isso (rs). Então, aceitei este fato (porque dói menos) e assisti a missa. 

vamos a Ele com as fores dos trigais,
com os ramos de oliveira, com alegria e muita paz.
santo é seu nome, é o Senhor Deus do Universo.
glória a Deus de Israel, nosso Rei e Salvador.

Em dois momentos senti que o Papai do Céu estava falando comigo. Primeiro, no lugar que escolhi sentar tinha um santinho de oração: "obrigado por ter voltado", era o que estava escrito. Depois, ao final da missa, o Padre Tiago convidou toda comunidade para participar do Tríduo Pascal (o que até então eu nem sabia o que era) e durante o convite ele falou: "os horários não são os melhores, mas, se você arruma tempo para ir em uma festa, por que para Jesus será diferente?". E ouvir isso junto com ler o folheto foi um chacoalhão em mim. Saí da missa determinada a ir à igreja nos próximos dias para celebração da paixão, morte e ressurreição de Cristo.


Tríduo Pascal, WHAT?!

É, eu nunca tinha ouvido falar sobre isso e, olha, que minha Vó Hilda (Mãe do meu Pai) era extremamente dedicada às práticas religiosas. Enfim, explicação rápida...

O Tríduo Pascal é o conjunto de três dias: Quinta-Feira Santa, Sexta-Feira Santa e Vigília Pascal, véspera do Domingo de Páscoa. No primeiro dia celebramos a ceia do Senhor, e acontece o ritual de lava-pés, onde Jesus lavou os pés de seus apóstolos, até mesmo o de Judas Iscariotes (já sabendo que ele seria o delator). No segundo dia, lembramos a caminhada de Jesus até ser crucificado e morrer no Calvário para que possamos ser salvos e perdoados. Por fim, no sábado, último dia, comemoramos a sua ressurreição, e renovamos nossas promessas do batismo.

Jesus erguendo-se da ceia,
jarro e bacia tomou,
lavou os pés dos discípulos,
este exemplo nos deixou.
aos pés de Pedro inclinou-se:
ó Mestre, não por quem és?
não terás parte comigo,
se não lavar os teus pés.

(Naquela época, todos calçavam sandálias, então os pés dos senhores eram sempre lavados pelos escravos assim que chegavam em casa. Por isso, Pedro não achava justo que Jesus lavasse seus pés, já que ele era o Mestre. O que Pedro só entendeu depois é que Jesus fazia isso para mostrar quem estava com ele, como sinal de piedade.)

Bom, a Semana Santa só termina amanhã com o Domingo de Páscoa. Mas minha alegria de estar vivendo isso e a ansiedade de contar ao mundo é tão grande, que eu não consegui esperar o final deste período. Então, durante a semana eu devo escrever mais sobre esta experiência.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Passamos a entender melhor a vida

Acho incrivelmente fantástico como nossa concepção sobre atitudes muda ao longo dos anos. Como nós, seres humanos, somos uma metamorfose ambulante.

Desde sempre tive a facilidade de poder me locomover de carro e contar com a gentileza dos meus pais para isso. Eles nunca se importaram em acordar cedo ou dormir tarde ou, até mesmo, sair no meio do dia para me levar a algum lugar. Sinto às vezes que até mesmo abusei demais desta atenção.

Mas o que quero mostrar neste texto é como tudo muda a medida que ganhamos idade.

Mesmo com meus pais, e algumas vezes meus avós, me levando e buscando de mil lugares sinto que não agradecia da forma correta. Em muitos momentos, eu morria de vergonha!

"Todo mundo vai de ônibus/metrô/a pé, só eu vou de carro", dizia. Nem imaginava que meus amigos gostariam de ter esta mesma oportunidade. Mandar tchau e beijo antes de não ver mais meus pais era quase a morte. Quando eles mandavam uma buzinadinha, eu gostaria de ser um avestruz e me esconder no buraco.

Enfim, há uns anos, quando deixei a era aborrecência e tirei a carteira de habilitação, passei a sentir falta dessas caronas constantes e desse tchauzinho "constrangedor". Hoje, mandar um aceno para meus pais é como se eu dissesse "vai com Deus, amo você, volto logo".

Nos dias que correm, eu gosto que eles esperem eu virar as costas e amo quando me mandam um balançar de mão com aquele sorriso estampado no rosto. E sinto muita falta quando não o fazem. Depois, até dou bronca quando chego em casa.

Afinal, estão com vergonha de mim?!

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A filha, pela mãe

Segunda-feira, chega ao meu escritório uma adolescente falando que é transviada e quer que eu ajude a mãe dela a entender o assunto. E depois de dois dias, me aparece a mulher, desesperada, pedindo conselhos, como se eu fosse psicóloga ou algo do tipo. Chegou e já foi logo sentando num sofazinho que tenho perto da porta, e em seguida começou a falar:

- A senhora já ouviu falar em transviada? Pois então, minha filha é; tem 15 anos, mas finge ter 17, anda por aí como se fosse um moleque, com calças largas, casacão e mangas arregaçadas, vive se metendo com gente que não presta e eu é que não mereço isso!

Há pouco tempo, fez par com um menino da mesma idade que ela – acredite a senhora, ele diz ter vindo dos Estados Unidos, mas mal sabe falar inglês, como pode? Bom, esses dias ela chega com a novidade que está grávida, mas é apenas uma menininha! A notícia veio como um choque, já que sou mãe solteira – ainda não sei onde errei pra ter uma filha dessas, viu?! Sabendo da notícia, logo fui atrás do pai do menino, disse que ia dar queixa, só que nesse caso o crime é recíproco. Eu achei o fim do mundo! Afinal, se denunciar o guri, levam minha filhinha também.

Aí, pensei em tudo, em aborto, em lhe mandar pro interior, na casa da avó. Até cheguei a dar umas boas palmadas nela. Mas, a conclusão foi que ela tinha que casar, o menino concordou, mas ela não quer, porque quer ser modelo, aeromoça e enquanto o bebê não chega, diz que eu tenho que segurar as pontas, ou então vou ter que sustentar os três – até prefiro!

Sei que a senhora não tem nada com a minha vida, mas teria como publicar uma reportagem dando alguns conselhos para que ela veja que é melhor casar com aquele boboca, do que ter o nome mal falado por aí? Quem sabe, emendar o conselho com uma reportagem sobre mocidade transviada. Ah! Isso sim seria uma boa – dá licença para dar uma deitadinha aqui?



Pequena crônica escrita por mim nos idos de 2007.